marcaram. Aos 15, pastor Moisés Coppe na Metodista. Aos 25, pastor Carlos Adrian na
Batista. Aos 30, pastor Rafael Rodrigues na Universal. Com seu linguajar jovem, seus
ensinamentos práticos, eles me mostraram que seguir o caminho estreito de Cristo era a
melhor alternativa pra minha juventude. Todos eles usavam óculos, tinham esposas belas
que se tornaram minhas amigas, e pra todos eles eu tive que dizer “adeus”, ou “até
logo”, ou “te vejo no céu”.
Chegou a hora de dizer “tchau” para o pastor Rafael. O pastor de jovens paraibano “gordinho de óculos” que não era mais gordinho depois da bariátrica, e que me ensinou a fé racional da Igreja Universal. Ele foi o primeiro pastor daquela igreja a saber meu nome de cor, a saber minha história, e a valorizar meus talentos, me encorajando a dar aulas de Inglês, a participar do coral, a tocar violão, a
receber bem as almas que eram trazidas para nosso aprisco. Quando conheci sua esposa Zaquele me surpreendi em como uma moça podia ser tão linda, e tão doce, e tão firme e guerreira, tudo ao mesmo tempo. Ver o pastor andando sério pelos corredores, nos fazendo rachar de rir nos encontros da FJU, nos desafiando a ir além, tudo isso se tornou rotina pra mim. Mas sabia que chegaria o dia de dizer tchau. E chegou. Mas “não aprendi dizer adeus, nem sei se vou me acostumar”, como cantavam Leandro e Leonardo. Surpreendi-me com as lágrimas teimosas, afinal, depois de tanto tempo de Universal, já devia ter me acostumado com a itinerância de pastores. E afinal, ele nem sempre foi tão

pública a senha do wifi, o Uno e a dama, e acima de tudo o Totó.
O mundo parou no dia em que o totó chegou no espaço FJU. Nem nos meus sonhos mais criativos eu teria uma mesa de totó tão linda, tão perto de mim. Joguei muito, lutei por um lugar à mesa de totó com meninos agressivos por futebol, joguei com as esposas donas de pastores que não estão mais por aqui. Até que o dia em que a mesa, levemente destruída por mãos ingratas teve que ir embora também. Até o dia, em que o pastor teve que ir embora também, levar junto Theo o cachorro fofo, e Dona Zaquele, a esposa linda que me ouvia e me compreendia e me encorajava. Ficam as boas lembranças, a recompensa de ver jovens firmes aqui, os ensinamentos, os frutos, e o galardão que ele só receberá no céu, quando Jesus voltar. Fica a gratidão de quem foi ovelha bem cuidada e bem pastoreada pelo pastor que sabia meu nome, minha história, minhas falhas e meus talentos. E
acreditou em mim apesar de tudo.